"Com o Startup Challenge, redescobri a minha pessoa", Anike da Silva, empreendedora.
Anike da Silva, 29 anos, nasceu e vive na cidade da Praia. Formou-se em Geografia e Ordenamento do Território mas é como cuidadora que se realiza.
Temos de acreditar e gostar do que fazemos. Temos de ter determinação e ação. Não esperemos pelo Governo ou pelo Estado, criemos antes o nosso próprio emprego.”O espírito empreendedor e a vontade de marcar a diferença na vida das pessoas levou-a a abraçar a área dos cuidados, tendo criado a sua própria de prestação de serviços.
O Startup Challenge fez toda a diferença e graças à competição, Anike da Silva deu o salto que precisava.
Com brilho nos olhos e uma enorme vivacidade, Anike conta como tudo começou. Após a licenciatura, fez um estágio profissional na Associação Crianças Desfavorecidas (ACRIDES) e reparou que havia muitas crianças especiais, a precisar de cuidados. Entretanto, teve conhecimento da Agenda 2030 e propôs à presidente da associação trabalhar os ODS 3 e 4, respetivamente Saúde e Bem Estar e Educação de Qualidade. Entretanto, como tudo tem um início e um fim, o seu tempo de estágio terminou. Mas Anike sentiu que tinha de dar continuidade ao trabalho iniciado.
“Havia muitas crianças com necessidades especiais a viver com suas mães ou avós. Então, decidi continuar o trabalho iniciado e foi assim que tomei a decisão de criar a minha empresa”, explica a jovem.
Assim, para melhor prestar o serviço, Anike fez uma formação de cuidadores/as de pessoas em situação de dependência, promovida pelo Ministério da Família e Inclusão Social e financiada pela ONU Mulheres.
Na mesma altura em que idealizava a empresa, foi lançada a primeira competição nacional de empreendedores, o Startup Challenge, promovida no quadro do Programa Conjunto PNUD -OIT, denominado Emprego, Empregabilidade e Inserção, em parceria com a Business Incubation Center Incubadora de Empresas. Uma oportunidade que, segundo conta Anike, caiu “como uma luva”.
“O concurso veio mesmo a calhar. Teve um impacto fundamental, pois foi a partir da competição que criei o meu plano de negócio, e o meu projeto foi submetido ao Fundo de Emprego e Formação Profissional, e posteriormente, financiado. Isso me permitiu implementar o negócio, estando nesse momento a prestar dois tipos de serviços, um na área de cuidados e terapia ocupacional para crianças com necessidades especiais e um outro de cuidados aos idosos”, conta a jovem empreendedora, para quem o concurso trouxe-lhe outros ganhos, ainda que não tenha vencido a competição.
Sorridente, ela confessa que os ganhos foram imensos, desde logo a formação e assessoria que recebeu de monitores capacitados e experientes.
“Sou uma pessoa que aposta muito na minha capacitação, inclusive fiz várias, em áreas como educação financeira, secretariado executivo, administração. Acredito que para se ser um empreendedor de excelência temos de conhecer um pouco de cada área e nisso a competição ajudou-me imenso”, descreve.
Por outro lado, a competição permitiu-lhe dar maior visibilidade ao seu negócio e ser ela própria mais conhecida numa área ainda pouco conhecida no país.
“Acredito que para se ser um empreendedor de excelência temos de conhecer um pouco de cada área e nisso a competição ajudou-me imenso.”
Determinação e ação
Há um ano Anike da Silva criou a SPC - Prestação Domiciliar de Cuidados e Terapia Ocupacional. Fê-lo porque acredita que não podia ficar à espera do Governo ou do Estado para se empregar e porque se trata de algo que lhe dá imensa satisfação.
Questionada se existe uma receita para o sucesso no empreendedorismo, Anike não hesita. Para os outros jovens, deixa a receita e um conselho
“Temos de acreditar e gostar do que fazemos. Temos de ter determinação e ação. Não esperemos pelo Governo ou pelo Estado, criemos antes o nosso próprio emprego. Se eu fosse ficar à espera, seria mais uma jovem desempregada. Quando virem uma competição, participem! Mais importante não é o premio, mas o aprendizado. As formações que recebi ajudaram-me a descobrir o meu diferencial, o diferencial e o inovador para o meu negócio. Redescobri-me como pessoa”.
A Competição Nacional de Empreendedores, baseada na metodologia GERME (sigla em francês – criar e gerir melhor as vossas empresas), foi criada com o objetivo de criar oportunidades de empreendedorismo e empregabilidade a qualquer jovem cabo-verdiano, com idade entre 18 e 35 anos, bem como de melhorar os seus conhecimentos sobre como criar e gerir da melhor forma uma empresa através de acompanhamento e competição.
Trata-se de uma iniciativa do Programa Emprego, Empregabilidade e Inserção (Jov@Emprego) em parceria com a Business Incubation Center (BIC), executado pelo PNUD-OIT e financiado pelo Grão Ducado do Luxemburgo.
“O concurso veio mesmo a calhar. Teve um impacto fundamental, pois foi a partir da competição que criei o meu plano de negócio, e o meu projeto foi submetido ao Fundo de Emprego e Formação Profissional, e posteriormente, financiado.”