Dia da Industrialização em África - Dicurso da Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde
Praia, 23 de Novembro de 2023
Ministro da Industria, Comércio e Energia, Excelência
Exmo. Sr. Director Nacional da Industria, Comércio e Energia, Eng.º Rito Évora
Exmos. Representantes de Instituições publicas, privadas e da sociedade civil,
Todo protocolo observado.
Excelências,
Senhoras e Senhores,
Hoje, estamos reunidos para celebrar o Dia da Industrialização em África, um momento significativo que simboliza nosso compromisso coletivo de avançar nos esforços de industrialização em curso em todo o continente africano. Desde sua criação, em 1990, o dia 20 de novembro serve como um lembrete anual da responsabilidade compartilhada que temos em fortalecer a indústria africana, promover o crescimento económico sustentável, e, assegurar a erradicação a pobreza.
O tema escolhido para este ano, "Acelerar a Industrialização da África através do Empoderamento das Mulheres Africanas na Indústria para um Mercado Integrado", ressoa profundamente com a necessidade urgente de capacitar as mulheres para impulsionar a industrialização inclusiva e sustentável em África. Ao nos encontrarmos a meio percurso da Agenda 2030, da concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na vidas das pessoas, é desanimador reconhecer que o Objetivo 5, focado em alcançar a igualdade de género e o empoderamento das mulheres, está atualmente fora do rumo. Por isso, nossa ação coletiva é urgente.
Precisamos fazer mais, melhor e mais rápido!
O sector industrial, tradicionalmente dominado por homens, possui um potencial único para agir como catalisador da igualdade de género, potenciando as capacidades das mulheres no setor industrial. Isso beneficia não apenas para mulheres e meninas, mas as economia e mercados. Apesar das mulheres constituírem a maioria da população africana, sua participação na industrialização permanece limitada. Segundo um recente relatório da UNIDO, as mulheres representam apenas 38% da força de trabalho na indústria manufatureira em África, apesar de contribuírem com até 80% na produção e processamento de alimentos. Além disso, estima-se que as mulheres compõem 70% da economia informal em alguns países africanos. Alcançar a igualdade de género no sector industrial é uma questão de direitos humanos e de desenvolvimento das economias, dos mercados emergentes.
Mulheres envolvidas no processamento desempenham um papel crucial em várias indústrias, contribuindo significativamente, por exemplo, para os setores da agricultura e turismo em África e outros continentes. Sua participação crescente é não apenas essencial para alcançar a igualdade de género, mas também é crucial para fomentar um desenvolvimento socio-económico acelerado e inclusivo. Mas precisamos ir mais além. As mulheres podem e devem ser também as responsáveis pelas indústrias, as gerentes e líderes que inovam e gerem o setor. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima um aumento de 12% no Produto Interno Bruto até 2030 se as taxas de participação das mulheres se igualarem às dos homens.
Em Cabo Verde, progressos notáveis foram alcançados em relação aos direitos das mulheres e igualdade de género, principalmente no acesso aos serviços de educação e da saúde. No entanto, desafios persistem, como a violência de género e as disparidades de rendimento. Mulheres representam quase metade da população, mas correspondem a 66% dos pobres, enquanto os homens representam 34%.
No setor industrial de Cabo Verde há boas notícias, uma vez que este setor contribui para 9% do emprego total no país, sendo 9% de postos de trabalho ocupados por homens e 10% por mulheres. Este fato sugere que o crescimento do emprego na indústria será benéfico tanto para a economia e como para a igualdade de género no país.
Porém, as mulheres Africanas envolvidas na indústria enfrentam significantes desafios, incluindo o acesso limitado a financiamento e novas tecnologias, a limitada formação para o domínio das técnicas modernas de processamento, limitadas instituições de apoio e acesso restrito ao mercado.
Portanto, é urgente que assumamos um forte compromisso em apoiar as mulheres africanas. É crucial desenvolver suas habilidades industriais, tanto de processamento como de gestão, assim como a criação de oportunidades para o aprimoramento industrial direcionado para empresas lideradas por mulheres e a transferência de tecnologia. Políticas para impulsionar a presença das mulheres na indústria de processamento são imperativas para superar a lacuna de género existente e impulsionar o setor do ponto de vista económico.
Excelências, Senhoras e Senhores,
Devemos garantir que ninguém seja deixado para trás, capitalizando as conquistas alcançadas até agora. O engajamento global em buscar soluções para os países mais vulneráveis é tanto louvável quanto necessário. A comemoração de hoje oferece uma plataforma para compartilhar ideias e experiências que podem pavimentar o caminho para uma industrialização inclusiva e sustentável e a tão necessária diversificação econômica.
Neste Dia da Industrialização Africana, a Comissão da União Africana, a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e a Comissão Económica das Nações Unidas para a África (UNECA) convocam conjuntamente governos, parceiros de desenvolvimento, academia, setor privado e sociedade civil a aprimorar a colaboração. Juntos, devemos criar um ambiente propício para o surgimento e a ampla participação de mulheres nas indústrias de processamento em toda a África e estimular as lideranças femininas no setor. Ao abordarmos coletivamente as disparidades de género e proporcionarmos oportunidades iguais para as mulheres nos processos de industrialização, podemos acelerar a jornada da África em direção ao crescimento inclusivo e justo, rumo ao desenvolvimento sustentável.
Excelências, Senhoras e Senhores,
O Secretário Geral da UN António Guterres nos envia uma mensagem, e, por favor, permitam-me citar:
“Aumentar o número de mulheres em empregos na indústria transformadora é o caminho mais seguro para maximizar a produtividade e garantir que os benefícios do crescimento industrial cheguem às famílias e comunidades dos seus trabalhadores.
No Dia da Industrialização em África, redobremos os nossos esforços para desmantelar as barreiras que impedem as mulheres de participar – e se beneficiar - do desenvolvimento industrial e da inovação tecnológica.
As Nações Unidas estão fortemente empenhadas em acelerar estes esforços e em trabalhar em conjunto em toda a África para alcançar os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2063 da União Africana.”
Em conclusão, permitam-me reiterar o compromisso inabalável da ONU e da UNIDO com a industrialização de Cabo Verde e a consecução dos objetivos delineados em PEDS-II, Agenda 2030 e Agenda 2063. Com esse espírito de cooperação e esperança em um mundo mais justo e inclusivo, expresso meus sinceros votos de uma feliz celebração do Dia da Industrialização Africana e um workshop muito produtivo.
Muito obrigada