O Projeto SIMILI permitiu a transformação daquilo que seria lixo nos mares para novos produtos reutilizáveis.
SIMILI nasce da paixão de duas ativistas ambientais que pensaram em trazer soluções sustentáveis para o problema do lixo marinho e industrial, que vem destruindo a vida marinha e a qualidade de vida do nosso planeta.
Débora Roberto e Helena Moscoso, as duas mentoras da marca SIMILI, foram selecionadas para o projeto conjunto das Nações Unidas “Conectar os Atores da Economia Azul: gerar emprego, melhorar os meios de subsistência e mobilizar recursos”. Contam que a experiência de serem empreendedoras neste programa tem sido uma oportunidade de criar e desenvolver um projeto através da paixão ambas têm pelo mar.
“Identificamos o lixo marinho como uma oportunidade e transformamos as ideias em realidade através da inovação: assumir riscos, muita persistência, liderança, criatividade, busca de outras oportunidades, flexibilidade e autonomia, criando sempre um impacto social, ambiental e, consequentemente, económica”, diz Débora Roberto.
A atividade principal da SIMILI é transformar as redes de pesca encontradas nas praias de Cabo Verde em tecido através da tecelagem com o objetivo de minimizar os impactos negativos causados pelas redes de pesca, através de uma economia circular que permita a sua transformação em novos produtos, empoderando mulheres da comunidade da Salamansa, na ilha de São Vicente.
Para estas duas activistas ambientalistas, este programa conjunto das Nações Unidas permite-lhes conectar com especialistas e mentores que lhes vai disponibilizar ferramentas de orientação para melhoria da marca SIMILI.
“No presente, a ideia é desenvolver um novo plano de negócios, saber melhor contabilizar os nossos produtos, estratégias para alargar o negócio e de negociação com possíveis financiadores. Num plano futuro, através destas estratégias tornar o negócio mais rentável para podermos formar e criar mais postos de trabalho e, assim, conseguir que a empresa tenha uma estrutura que se autossustenta, permitindo a nós, promotoras, trabalhar em outros projetos com foco ambiental e social na criação de uma associação”, avança Roberto.
Com o projeto “Conectar os Atores da Economia Azul: gerar emprego, melhorar os meios de subsistência e mobilizar recursos” foram selecionados alguns projetos para integrarem um programa de incubação online - IDEA APP - que irá apoiar mulheres e jovens empreendedores a alcançarem a maturidade dos seus negócios, reforçar capacidades para a melhoria dos processos de produção de grupos comunitários, mobilizar recursos financeiros e investimentos, nomeadamente na diáspora, para financiar o crescimento e scale-up dos negócios/iniciativas empreendedoras.
O projeto conjunto é financiado pelo Fundo Conjunto ODS (SDG Fund) e co-financiado pelas agências (FAO, ONUDI, PNUD e OIM) e contribui para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nomeadamente na eliminação da pobreza (ODS 1), facilitando o acesso a recursos que permitam aumentar o rendimento familiar nas comunidades piscatórias; na erradicação da fome, alcance da segurança alimentar, melhoria da nutrição e promoção da agricultura sustentável (ODS 2); igualdade de género (ODS 5); apoio no aumento da produtividade na atividade piscatória e o rendimento dos pequenos produtores, em especial dos pescadores nas cadeias de valor associadas e promovendo o emprego decente (ODS 8); na conservação dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável (ODS 14), através de uma gestão conjunta, articulada e sustentável das ações de diferentes atores, para que possam impactar positivamente os benefícios económicos das atividades de pesca nessas comunidades.