Inovação na agricultura: “Vamos proporcionar às mulheres oportunidades de aprender a usar a tecnologia”
14 agosto 2023
A Internet das Coisas (internet of things ou IoT) veio para ficar. E, em muitos casos, é a resposta para superar vários desafios.
A Internet das Coisas (internet of things ou IoT) veio para ficar. E, em muitos casos, é a resposta para superar vários desafios. O projeto piloto “Transição agrícola usando a Internet das Coisas e a Inteligência Artificial”, em implementação na Ribeira de São Filipe, é um exemplo e está a ser implementado com o apoio do Accelerator Lab do PNUD.
Chegámos ao campus da Universidade de Cabo Verde na companhia de Sónia Semedo. Pediu-nos que aguardássemos enquanto ia buscar os equipamentos que utiliza para a construção do protótipo que servirá para implementação do sistema de irrigação inteligente numa parcela de terreno da Associação dos Moradores da Ribeira de São Filipe. Ao redor, numa significativa parte do terreno da UniCV, eram visíveis dispositivos eletrónicos ali colocados, como sensores e uma pequena estação de armazenamento dados.
Sónia fala-nos do projeto, com grande entusiasmo e vai explicando com um à vontade de quem já esta habituada a essas andanças. A jovem é cientista e investigadora, professora auxiliar na Universidade de Cabo Verde e coordenadora da Comissão Científica de Tecnologias e Engenharia. Graças a uma bolsa da Arise-PP - African Research for Scientific Excellence, tem vindo a implementar o projeto piloto Smart Agriculture, utilizando dispositivos IoT e algoritmos de Inteligência Artificial (IA) nas práticas agrícolas, com o objetivo de melhorar a produtividade e reduzir recursos desperdiçados. A jovem contou, para parte da implementação do seu projeto, com o suporte do Accelerator Lab do PNUD.
“Colocamos os sensores no solo e eles coletam dados em tempo real sobre fatores como humidade do solo, temperatura e crescimento da cultura. Os dados coletados podem ser transmitidos, sem ligação à internet, para um hub central para análise posterior e, a partir dessa análise, podem ser tomadas decisões sobre a forma de irrigação, técnicas de fertilização, controle de pragas e outros aspectos da agricultura. A IA também pode ajudar a prever padrões climáticos, doenças que podem afetar as culturas e as demandas do mercado, ajudando os agricultores a planear e otimizar as suas operações. Além disso, utilizamos drones para monitorar as plantações e mapear a área agrícola. Depois de analisar todos os dados, são tomadas as melhores soluções”, explica a jovem cientista.
“Os agricultores serão treinados nas novas tecnologias, irão aprender sobre como interpretar os dados enviados pelos sensores e como pilotar drones. Por outro lado, este projeto preenche lacunas tecnológicas enfrentadas pelas mulheres agricultoras. Vamos proporcionar às mulheres oportunidades de aprender a usar a tecnologia pode levar ao aumento da produtividade e à melhoria da sua renda.”
Nessa fase do projeto, a jovem cientista está a implementar o protótipo num vale agrícola urbano, na cidade da Praia. Ao mesmo tempo que o projeto contribui para a sua pesquisa e colaboração académica, contempla também uma dimensão de género, pois capacita a comunidade local e, particularmente as mulheres agricultoras no uso de tecnologias, contribuindo ainda apara o desenvolvimento socio económico da comunidade. Alias, um dos beneficiários do projeto Agricultura Inteligente é precisamente uma agricultora.
“Os agricultores serão treinados nas novas tecnologias, irão aprender sobre como interpretar os dados enviados pelos sensores e como pilotar drones. Por outro lado, este projeto preenche lacunas tecnológicas enfrentadas pelas mulheres agricultoras. Vamos proporcionar às mulheres oportunidades de aprender a usar a tecnologia pode levar ao aumento da produtividade e à melhoria da sua renda.
O Laboratório Acelerador do PNUD Cabo Verde apoia o projeto, por um lado, através da aquisição de um sistema de rega inteligente que irá beneficiar uma mulher agricultora; por outro lado, pela capacitação dos investigadores e estudantes envolvidos no projeto e dos associados da Associação dos Moradores da Ribeira de São Filipe em controlo de drones e no sistema de agricultura inteligente desenvolvido.