Um projeto que quer contribuir para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e garantir alimentos às comunidades.
O gosto pela terra e pela natureza vem desde a infância, já que Emileno Ortet é filho de agricultor. Da paixão à ação, criou o projeto Cidade Verde, que conta com o apoio do Accelerator Lab do PNUD Cabo Verde. Um projeto que, por um lado, quer contribuir para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e por outro, garantir alimentos às comunidades. O seu projeto “Agroecologia AgroFloresta Rui Vaz” foi o segundo classificado na maior competição nacional de empreendedorismo, o StartUp Challenge , no quadro do Programa Jovemprego, co- financiado pelo PNUD.
Tudo começou em 2018, quando Emileno, de 30 anos, iniciou o processo plantação de legumes e hortaliças e acabou por aliar a atividade à plantação de árvores fruteiras em comunidades da Cidade da Paia, onde reside.
"Prefiro as fruteiras às plantas ornamentais já que asseguraram alimentação, dando uma outra dimensão de sustentabilidade ao projeto”
Contudo, o Cidade Verde não consiste apenas em plantar as arvores. Há uma vertente de educação e responsabilização ambientais aliada ao projeto.
“Antes de iniciarmos a plantação, vamos às comunidades e conversámos com os moradores, explicando-lhes que cabe a eles o cuidar das plantas. Cada família recebe a sua planta e a orientação de que deve cuidar dela até que se torne numa árvore. As crianças também participam nas campanhas de plantação e sensibilizamo-las a cuidar bem das plantas e sobre a importância das árvores no combate às mudanças climáticas. Isso é responsabilizar e empoderar comunidades”.
As alterações climáticas preocupam bastante Emileno, que vê no Cidade Verde um contributo significativo para mitigar os efeitos da subida da temperatura.
CONTORNAR CONSTRANGIMENTOS
As dificuldades para implementar o projeto foram várias, desde logo conseguir financiamento. Tratando-se de um projeto que implica a aquisição de sementes e deixá-las germinar, há todo um investimento necessário, desde a compra de fertilizantes e de água para a rega, pelo que o jovem apela para que mais pessoas e instituições abracem o projeto e possam adquirir as plantas e assim assegurar a sustentabilidade do mesmo.
“Estamos a vender as plantas por um preço simbólico de setecentos escudos. As pessoas podem comprar as plantas e doá-las às comunidades como forma de ajudar. Alias já tivemos instituições que fizeram isso. Temos tido boa procura, mas precisamos de mais”
O Cidade Verde já dá frutos. Várias árvores fruteiras, desde coqueiros, mangueiras, papaeiras e maracujazeiros, foram plantadas no bairro da Achadinha, de onde Emileno é oriundo. Mas também em Eugenio Lima. As próximas comunidades a serem abrangidas serão Calabaceira, Vila Nova, Ponta d`Água e Agostinho Alves.
Novos projetos estão à vista. Emileno Ortet pretende conseguir financiamento para implementar hortos escolares na escola, à semelhança do que fez para a escola onde estuda a filha, e que até já deu seus frutos, designadamente hortaliças e legumes que contribuir para a melhoria da dieta alimentar das crianças. A vertente pedagógica não será descurada.
“Os hortos serão laboratórios onde as crianças para além de ajudarem a plantar, vão aprender tudo sobre o processo desde a fase da germinação da semente até a rega”.
Nas vésperas do Dia Internacional da Juventude, Emileno Ortet defende uma maior assunção de causas por parte dos jovens, mas acredita que há uma juventude engajada, mas que não têm ainda as oportunidades que precisa para mostrar o seu potencial.
“Os jovens cabo-verdianos precisam de ter causas nas quais se engajar. Por exemplo combater as desigualdades ou as alterações climáticas que nos afetam cada dia mais. Mas há muitos que até têm ideias, mas não têm oportunidades de concretizar suas ideias”.