Um click para transformar o informal em empoderamento económico das mulheres
Mudar vidas através de um telemóvel
Fazer a diferença na vida de outras vidas e contribuir para colmatar lacunas históricas, culturais e estruturais que ainda hoje limitam a participação feminina na economia formal. Foram essas as principais motivações que estiveram na base da criação do projeto SMS EmpoderELAS, um dos selecionados e financiados pela iniciativa Youth Challenge for SGD, promovido pelo Instituto do Desporto e da Juventude como apoio do Escritório Conjunto do PNUD, UNICEF e UNFPA.
A informalidade nos negócios liderados por mulheres preocupa Maria Filomena Lima, uma das mentoras do projeto, que acredita que a sua redução constitui um passo fundamental para diminuir as desigualdades de género.
“A informalidade é a barreira para o aceso inclusivo dessas mulheres ao emprego digno, importa absorver este hiato com ferramentas localizadas, que acredito serem capazes de suturar este distanciamento ainda perene, que continua cristalizando as desigualdades económicas de género na nossa sociedade”, realça a jovem.
Assim, esperam com o SMS EmpoderaELAS poder contribuir para empoderar e aumentar a participação mulheres empreendedoras de baixa renda e da economia informal das zonas rurais do município do Porto Novo, ilha de Santo Antão, usando a tecnologia, nesse caso, o telemóvel.
O projeto visa ainda criar pacotes informativos básicos de gestão, direito, finanças, recursos humanos e fiscalidade. Iremos compilar e organizar os conteúdos informativos em mensagens curtas e simples, e disponibilizá-los aos bancos que, por sua vez, encaminham-nos para os telemóveis destas mulheres do setor informal, nomeadamente, vendedoras, artesãs, manicures, cabeleireiras, peixeiras, entre outras. O que pretendemos é “equipar” as mulheres de baixa renda com ferramentas de planeamento e avaliação de finanças pessoais, emprego e negócios”.
A ideia é aproveitar que estas mulheres já possuem uma conta bancaria e criar essa relação e partilha de um pacote de empoderamento financeiro, entre os bancos e estas mulheres
Com este projeto Maria Lima, que é da área de gestão dos recursos humanos, e os seus colegas, Gerson Delgado (Administração), Hernany Fortes (Direito) e Imanuela Nascimento (Fiscalidade) pretendem contribuir para o cumprimento dos ODS, particularmente do ODS 1 (Erradicação da pobreza), ODS 5 (Igualdade de Género) e o ODS 10 (Redução das Desigualdades).
E uma vez que a informalidade não acontece só no Porto Novo, os mentores do projeto querem, mais tarde, alargá-lo a nível nacional.
“Existe muita informalidade nos negócios liderados por mulheres, em Cabo Verde. Porto Novo é o ponto de partida, mas toda a engenharia do projeto está necessariamente veiculada ao âmbito nacional, em uma perspetiva paliativa que se espera ser replicada em todos os municípios, ainda que não de forma uniforme, mas respeitando sempre as especificidades e idiossincrasias de cada região”, realça Maria Lima.
A jovem diz ainda que a previsão é, posteriormente, ampliar essa iniciativa para mais parcerias que envolvam outras empresas de serviço, utilizando sempre o telemóvel e as SMS.
Promovida pelo Instituto para o Desporto e para a Juventude, em parceria e com o apoio financeiro do Escritório Conjunto do PNUD, UNICEF e UNFPA, no quadro do programa Youth Conneckt Cabo Verde, a iniciativa Youth Challenge for SDG visa fomentar a participação e o engajamento dos jovens universitários no desenvolvimento do país, bem como potenciar o conhecimento académico para criação de soluções inovadoras e sustentáveis. Além disso, pretende estimular a criatividade, experimentação e a competitividade para criação de pequenos projetos que tenham impacto no desenvolvimento das comunidades.