Chamemos-lhe de sonhos, persistência, resiliência e o acreditar - Estas são as condições para mudança de vida.
Começaram no interior de uma casa, e logo evoluiram para negócios locais, com forte impacto na transformação da economia local e na redução da pobreza e exclusão social.
Encontramo-las no Centro Cultural da Cidade Velha, Património da Humanidade, no dia da entrega de kits a um grupo de pessoas que participam do programa Banco Social do Município de Ribeira Grande de Santiago. Maria Madalena Mendes e Judite dos Reis são duas das dezenas de mulheres beneficiadas pelo programa, subvencionado pelo Fundo de Descentralização executado pelo PNUD.
Sorridente, Maria Madalena, ou Mena como é conhecida, estava rodeada das suas bonecas de pano. Aprendeu a fazê-las durante uma formação realizada no âmbito do programa Banco Social. Depois, recebeu uma máquina nova que permitiu-lhe aumentar a sua produção de bonecas e outros objetos feitos com pano.
Tudo corria bem, e Mena vendia muito, principalmente a turistas. Com a venda das bonecas, ela mantém-se com a família e ainda paga os estudos à filha, que faz os seus estudos superiores em Portugal.
Porém, a pandemia deu-lhe volta à vida, as vendas diminuíram significativamente. Mas a esperança não esmorece e Mena acredita que, com a retoma do turismo, as coisas vão melhorar.
Foi muito complicado. Como são mais os turistas que compram, o negócio está um pouco parado. Mas tenho esperança que com a melhoria da situação, as coisas começarão a melhorar, diz Mena.
Plantas, chás e um sonho
Do outro lado do espaço, em frente a uma banca de plantas ornamentais, se encontra Judite dos Reis. Ela é também uma das beneficiarias do Programa Banco Social.
Recebeu ferramentas e outros produtos que precisava para aumentar a sua produção. O negócio é que lhe dá rendimentos já que ela, por razões de saúde, não pode fazer trabalhos muito pesados.
Orgulhosamente, Judite fala das suas plantas e de como há seis anos consecutivos ela vem representando o seu município na feira de plantas ornamentais da cidade da Praia, o que lhe possibilitou conquistar clientes.
O negócio corre bem, mas para maior sustentabilidade Judite diz precisar de um reservatório para guardar água.“ Gasto muito com água”.
Por ora, Judite já tem novos planos.
Quero abrir uma casa de chá, aproveitando as ervas que planto, como melissa, hortelã, hortelã-pimenta e chali. Assim, quando as pessoas forem à minha casa comprar plantas, poderei oferecê-las um chá e uma fatia de cuscuz. Porque elas gostam de entrar e sentar-se no meio das plantas. Seria bom ter algo para oferecer”, explica.
Legenda: Judite dos Reis, com a sua produção de plantas, que lhe garante o sustento da familia
O Programa Banco Social tem como objetivo empoderar jovens e mulheres chefes de família, através da criação de condições para que possam ter acesso ao emprego ou auto emprego sustentáveis, avesso ao rendimento e, desta forma, permitir a inclusão socio económica dos munícipes de Ribeira Grade de Santiago. O programa apoia as atividades geradoras de rendimento através de atribuição de kits aos beneficiários.
O projeto já apoiou, até agora, 55 iniciativas geradoras de rendimento, através da distribuição de kits de início de atividade, e formou 22 mulheres em educação financeira.
O Fundo de Descentralização é financiado pelo Grão-Ducado do Luxemburgo, no montante de 4, 1 milhões de euros, e conta com o apoio técnico e gestão do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em estreita articulação com o Governo de Cabo Verde, através da Direção Nacional do Planeamento e tem como o objetivo lutar contra a pobreza e as disparidades sociais e regionais e apoiar o país no processo de descentralização e desenvolvimento local.