Dedo verde para as plantas
Uma paixão que foi crescendo e que no auge da pandemia da covid 19 encontrou terreno fértil para reproduzir.
É assim que Carla Lopes, mais conhecida por Kaya, se caracteriza. Apesar de não ter feito nenhuma formação profissional na área a verdade é que Kaya tem um dom natural para o cultivo de plantas.
As plantas sempre foram a minha paixão! Recordo-me de na infância ter muitas plantas em casa, na minha ilha natal, Santo Antão. Posso dizer que cresci no meio delas e que este amor vem desde os meus tempos de meninice.
Uma paixão que foi crescendo e que no auge da pandemia da COVID-19 encontrou terreno fértil para reproduzir.
Foi então que aliada à experiência e ao intuito nato pelos verdes nasceu “Verdinhas e Frescos da Kaya”. Uma iniciativa que foi selecionada como um dos 30 beneficiários do projeto "Viveiro do Empreendedorismo", na Ilha do Sal, subvencionado pelo Fundo de Descentralização.
Kaya foi um dos 250 jovens salenses que participou deste programa cujo objetivo foi promover o empoderamento dos jovens.
Após ter sido contemplada com várias formações e um financiamento de um fundo de 200.000 escudos para investir no seu negócio, está a trabalhar para num futuro muito próximo ter o seu próprio viveiro de plantas e animais. E enquanto este dia não chega vai implementando o projeto na oficina do marido.
As plantas que ocupavam apenas uma parte da casa agora expandiram-se por todos os espaços vagos na oficina. E para dar vasão a tamanha produção a empreendedora encontrou na reciclagem um grande aliado.
“Aproveito e transformo tudo em vasos, nada se perde. Usos os capacetes de obra, pneus, recipientes de plásticos e tudo o que puder aproveitar para colocar as minhas mudas de plantas. Por onde quer que olhe vejo verde!
No entanto o projeto vai para além da simples produção de plantas. Kaya ousou inovar e através de uma ideia que o cunhado lançou, que consite num novo serviço, o hotel das plantas. Um lugar onde os apaixonados pelas plantas podem deixar as suas verdinhas quando pretendem ausentar-se de casa ou então para reabilitação.
A ideia do hotel de plantas veio do meu cunhado. Gostei tanto que logo comecei a divulgar aos meus clientes mais próximos. Quando recebo uma planta a primeira coisa que faço é pesquisar. Faço um levantamento de todas as informações sobre a espécie, o que gosta, como mantê-la saudável e a melhor forma de cuidar dela. Assim garanto que ela tem tudo o que precisa e também muito amor.
Para além deste serviço a empreendedora de 42 anos produz ainda o seu próprio adubo natural. Um produto muito procurado pelos clientes.
Semanalmente produz 60 mudas de plantas e conta atualmente com mais de 40 espécies de plantas, entre plantas ornamentais e decorativas, frutíferas e ervas medicinais.
O negócio que começou boca a boca está a ganhar cada vez mais clientes e fãs. Um projeto que surge numa ilha onde a paisagem é mais árida e com pouca exploração na área da agricultura e que pretende trazer a natureza para mais perto das pessoas e construir um futuro mais verde.
De recordar que o projeto Viveiro do Empreendedorismo - “Empreender para Transformar”, da qual o projeto “Verdinhas e Frescos da Kaya” é beneficiária, surgiu da necessidade de se criar estratégias alternativas que permitisse alargar as fontes de receitas e encontrar formas alternativas de rendimento para as famílias devido ao desemprego massivo causado pela ausência do turismo na ilha, provocado pela pandemia da COVID-19, no âmbito do Fundo de Descentralização.
O Fundo de Descentralização é financiado pelo Grão-Ducado do Luxemburgo, no montante de 4, 1 milhões de euros, e conta com o apoio técnico e gestão do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em estreita articulação com o Governo de Cabo Verde, através da Direção Nacional do Planeamento e tem como o objetivo lutar contra a pobreza e as disparidades sociais e regionais e apoiar o país no processo de descentralização e desenvolvimento local.
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