Senhora Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Excelência
Colegas Embaixadores e amigos das Nações Unidas
Colegas Diretores e Representantes das Agências Fundos e Programas das Nações Unidas
Todos os colegas participantes e facilitadores deste encontro
Uma saudação muito calorosa de boas vindas ao nosso Retiro Anual das Nações Unidas em Cabo Verde, com um agradecimento especial aqueles que se deslocaram de outros países para estar aqui connosco presencialmente, nestes tempos desafiantes.
Ao Governo de Cabo Verde, aqui representado pela Secretária de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, o nosso muito obrigado pelo continuo compromisso e engajamento nos momentos chaves da nossa viagem estratégica, por e para Cabo Verde.
Saudação e agradecimento extensível a todos os oradores, representantes e participantes de diferentes agências e entidades do SNU que nos acompanham online e que desde o primeiro momento manifestaram vontade de fazer parte destes dois dias de reflexão sobre a cooperação NU e Governo de Cabo Verde. Muitos de vós não fazem parte ainda da Equipa país e do atual quadro de cooperação, caso da ITU ou UNECA, ou tem uma presença que ambicionamos que cresça, como seja a UNCTAD. Estou confiante que no final deste encontro que marca o lançamento do processo de elaboração no novo United Nations Sustainable Development Cooperation Framework, teremos uma visão partilhada reforçada, e os compromissos coletivos necessários para melhor acompanhar a trajetória de sucesso deste pequeno país, rumo ao pleno desenvolvimento sustentável.
Este é o propósito que nos une aqui hoje – estarmos todos juntos, de mente e coração aberto, para que enquanto líderes e funcionários ao serviço da maior organização multilateral mundial, possamos contribuir para ultrapassar as grandes crises que assolam a humanidade em geral e que tanto estão a impactar Cabo Verde e as suas populações mais vulneráveis, em particular.
Ao longo destes dois dias vamos ter oportunidade de ouvir, sentir e partilhar os anseios e aspirações que a todos preocupam e que conhecemos tão bem – os desafios globais que afectam o nosso planeta – a pandemia da COVID 19 e a flagrante desigualdade no acesso às vacinas, a crise económica e fiscal com impacto desproporcional nos pequenos estados insulares, a crise climática, o aumento da desconfiança, tensões e desinformação que continuam a espalhar sementes de intolerância pelo mundo, a pobreza e desigualdades crescentes. Males que foram exacerbados nestes últimos dois anos e dos quais o mundo tenta emergir, mas ainda confrontado com múltiplas fragilidades.
Mas teremos também a oportunidade de sentir e partilhar esperanças renovadas assentes em ideais conjuntos, traduzíveis em ação concreta ao serviço deste grande pequeno país, que luta para ultrapassar este extraordinário momento difícil da sua história. Este será o fio condutor ao longo do retiro – co-sentir, co-inpirar para co-criar. É isto que de nós, aqui juntos, é esperado:
- Que nós saibamos ouvir para melhor perceber que por detrás destas múltiplas e interdependentes crises estão pessoas, vítimas de uma vulnerabilidade exacerbada, especialmente entre as mulheres, jovens, crianças, idosos, imigrantes e minorias, que estão em risco de ficar para trás e perder a sua dignidade e direitos;
- Que entendamos os dados e a análise que nos será facilitada para que possamos melhor projetar as possibilidades de mudança, graças ao valor agregado do SNU e a sua capacidade mobilizadora;
- Por fim, que nos galvanizemos, despidos de preconceitos ou agendas burocráticas, para juntos trilharmos uma visão e ação de futuro inteiramente alinhada aos desideratos e prioridades nacionais, cientes de que só unidos poderemos enfrentar os grandes desafios e conseguir uma recuperação das múltiplas crises de forma mais justa e inclusiva, para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Os últimos anos, foram dois anos muito atípicos em que o nosso quadro de cooperação (UNDAF), à semelhança do plano nacional e do orçamento de estado, praticamente virou obsoleto para dar lugar a respostas emergenciais de salvar vidas, proteger famílias, empregos, rendimentos, dignidade…
Foram anos de dura aprendizagem e de humildade – humildade de perceber que nenhum país, entidade, organização, agência, consegue fazer a diferença sozinha. De que a solidariedade e a união são a única solução. Isto aplica-se também ao SNU. Mobilizamo-nos, coordenamos, analisamos, concertamos, dialogamos e congregamos parcerias, perícia, financiamentos como nunca antes. Juntos, com o governo, parceiros nacionais e os nossos amigos da comunidade internacional. Com toda a humildade podemos nos orgulhar desta forca do Djunta Mon que tao bem caracteriza Cabo Verde e a nossa ação no país.
Mas é chegada a hora de ambicionar mais. De unirmos toda a liderança, mandatos, expertise, tecnologia, inovação do sistema ao serviço de Cabo Verde no novo Quadro de Cooperação das Nações Unidas, 2023-2027. Um quadro que será seguramente mais estratégico, transparente, responsivo e responsável, capaz de alcançar resultados transformadores.
Caros colegas,
O momento é único e as estrelas estão alinhadas. Temos o nosso guião da Agenda 2030, 2063 e de Samoa. Temos a oportunidade e o timing certo para nos alinharmos integralmente ao novo plano de desenvolvimento sustentável de Cabo Verde, em velocidade cruzeiro de elaboração. Temos o mandato conferido por todas as nações do mundo, legitimado no país pela confiança que o Governo de Cabo Verde em nós deposita bem como os nossos parceiros internacionais, que acreditam num sistema multilateral, que integram as Nações Unidas e que estão a ajudar a construir uma ONU mais eficaz ao serviço do mundo – a próxima geração das NU 2.0. Umas NU que entendem a interdependência complexa atual e a necessidade de reforçar a cooperação com todos – estados, instituições financeiras, setor privado, universidades, sociedade civil, na busca concertada de respostas comuns.
A Agenda Comum do Secretário-Geral das Nações Unidas reclama por mais e melhor, multilateralismo, baseado numa solidariedade mais profunda para inverter as perigosas tendências atuais e fazer uma diferença tangível na vida das pessoas. Com ação imediata para proteger os nossos bens globais mais preciosos, os oceanos, a paz, a saúde global, um planeta habitável, assente num novo contrato ancorado nos direitos humanos para todos, e os olhos postos na juventude.
Nestes dois dias, o repto lançado e de juntos pensar e começar a projetar o que devemos fazer e o papel e valor agregado das Nações Unidas para servir Cabo Verde de uma forma mais eficiente e eficaz, mais inclusiva e estratégica, com soluções integradas, sistémicas e multi-parcerias, em resposta a urgência dos desafios que nos afrontam e a ambição de Cabo Verde.
Se queremos ir depressa vamos sozinhos; se quisermos ir longe vamos juntos. Esta e a nossa vontade e a vontade de Cabo Verde. Este e o espírito da reforma do sistema de desenvolvimento das NU, da nova geração de UNCT e a premissa da nossa ação futura.
Uma vez mais, em nome do SNU em Cabo Verde muito obrigada pela vosso participação e compromisso!