Em Cabo Verde, crianças e adolescentes são prioridade absoluta durante a pandemia da COVID-19
Mais de um ano após o início da crise COVID-19, a pandemia da Covid 19 continua a ter forte impacto na segurança e no bem-estar das crianças, especialmente daquelas cujas famílias perderam os seus rendimentos ou os pais ficaram desempregados, tendo muitos deles deixado os locais onde viviam para regressar a capital do país em busca de novas oportunidades.
Graças ao apoio do UNICEF, a Associação Comunitária Black Panthers assegura que dezenas de crianças e suas famílias – cerca de 192 agregados familiares - fortemente afetadas pela pandemia, vejam a sua dieta alimentar saudável e reforçada e tenham o direito à educação garantido.
Francisca Gomes tem 64 anos. Na Várzea, um dos bairros periféricos da cidade da Praia, ela é conhecida por Nha Mamá. De facto, ela é a mamã ( e papá) de uma ninhada de netos, cinco deles beneficiários das ações da Associação Comunitária Black Panthers, que intervém há mais três décadas naquele bairro com inúmeras fragilidades sociais e onde várias crianças se encontram em situação de vulnerabilidade.
Nha Mamá recebe uma cesta básica que lhe permite confecionar os alimentos que distribui por todos que partilham a habitação. Os seus cinco netos, com idade compreendida entre os 10 e os 16 anos, recebem kit escolar que lhes permite frequentar a escola. Sem esse apoio, “seria complicado”, diz a senhora visivelmente emocionada. Também é notório o carinho e a admiração que ela nutre pelo presidente da Black Panthers, Alcides Amarante.
“Não fosse o presidente e o apoio que recebe nem sei como seria. Não tenho casa própria para morar. Antes tinha uma barraca, mas a chuva levou tudo, fiquei sem nada. Agora, vivo de renda que a Camara Municipal pagava, mas agora já nem sei, porque a renda está atrasada. Vendia na rua. Saía a com a banheira à cabeça. Vendia banana e papaia, mas está muito difícil. Vendia cento e cinquenta escudos por dia, não vale a pena. Esse apoio beneficia-me de todas as maneiras”.
Instituições como a Black Panthers oferecem condições para que as crianças não permaneçam em situação de vulnerabilidade social. Na sua sede, a Associação acolhe cerca de 64 crianças em idade pré escolar no seu infantário, o Mini Black e ali, os pequeninos realizam atividades lúdico pedagógicas, boas maneiras e ainda têm duas refeições.
O UNICEF é um dos parceiros que presta assistência técnica e financeira à Associação Black Panthers para que esta, por sua vez, providencie oportunidades às crianças de terem educação e alimentação equilibrada, bem como momentos de lazer. Por outro lado, a prevenção ao coronavírus não é descurada. Logo à entrada do infantário está colocado um dispositivo de higienização das mãos. O grupo é dividido e todos não frequentam o espaço nos mesmos dias, para evitar o ajuntamento.
E assim, graças a esse trabalho, Nha Mamá e dezenas de avós, mães e famílias ficam mais descansadas; impede-se que dezenas de crianças fiquem nas ruas enquanto seus pais saem para trabalhar ou procurar emprego. E assegura-se que as crianças cresçam saudáveis e seguras e tenham oportunidade de serem crianças.