“Queremos espalhar tecnologia e mudar a forma como se faz a agricultura em Cabo Verde”
22 abril 2021
Projeto integra as economias verde e digital e usa uma tecnologia inovadora que permite controlar, remotamente, todo o processo de irrigação.
O relatório das Nações Unidas alerta para o facto da pandemia da covid19 poder levar mais de 32 milhões de pessoas à pobreza extrema ou a enfrentar a fome, em países mais pobrese nada for feito. Iniciativas para mitigar as consequências são necessárias e urgentes.
Cabo Verde enfrenta o desafio de erradicar a pobreza extrema, ao mesmo tempo promover uma agricultura sustentável, o trabalho decente e o crescimento económico.
No mês em que se assinala o dia da Inovação e da Criatividade damos a conhecer um projeto que integra as economias verde e digital e usa uma tecnologia inovadora que permite controlar, remotamente, todo o processo de irrigação a partir de um smartphone ou tablet, via internet e que aproveita as condições climatéricas do país para tornar sustentável a agricultura.
Estas são algumas das inovações do projeto Hidro Saudável, que será apresentado no Lab Open Day, uma iniciativa do Laboratório de Aceleração do PNUD, que busca soluções inovadoras e sustentáveis.
A ideia nasceu em 2014, no seio de um grupo de estudantes universitários, que constatou as dificuldades de muitas famílias de agricultores em terem sucesso nas suas culturas devido à falta de água provocada por Irregularidades de chuvas e, por outro lado, pelo facto do solo ser relativamente pobre em termos nutritivos, obrigando os agricultores a recorrer aos fertilizantes e agrotóxicos para combater as pragas.
Assim, nasce o Hidro Saudável, na ilha de Santiago, que procura alia a tecnologia aos fatores de ordem natural existentes em Cabo Verde.
“O sistema é simples e é muito eficiente e compatível com a realidade de Cabo Verde na medida em que consome muita pouca água e toda a água que não é consumida é drenada para o depósito de origem e volta a ser reutilizada, eliminando, assim, todo o desperdício. Também usa energia solar que abunda no nosso território e não requer grande quantidades de terreno para produzir grandes quantidades. Toda a produção é feita a partir de uma plataforma específica e de acordo com a espécie cultivada. Por fim, respeita as normas de segurança alimentar e o meio ambiente, não usandopesticidas”, explica Carlos Guimarães, um dos mentores do projeto.
A tecnologia está bem patente no projeto que quer inovar na área da cultura hidropónica
“As regas são automatizadas, isto é, são controladas por uma máquina de fertirrigação que monitora níveis de EC e PH na água e a temperatura dentro da estufa e faz ajustes em função de necessidade das plantas. Outra inovação é o facto de, caso o agricultor queira, poder controlar todo o sistema por via remota, ou seja, a partir de um smartphone ou tablet, via internet. Basicamente, a tecnologia permite que haja uma produção programada, controlar o clima dentro da estufa e produzir praticamente ano inteiro”
O projeto Hidro Saudável está em processo de instalação de uma unidade em Santa Cruz e outra na Ilha do Sal, mas os seus mentores apontam o custo de importação de estufas e o acesso ao financiamento, por parte dos interessados, como grandes constrangimentos.
Porem, os frutos já são visíveis. O projeto está sendo implementado no cultivo de legumes folhosos e morangos e será alargado a outros cultivos, nomeadamente, tomates e abobrinhas. Os frutos começam a ser visíveis.
“Toda a produção tem sido vendida com relativa facilidade e pessoas individuais começam a se aperceber do valor acrescentado desses produtos, comprando-mos sem exitar. Mas o nosso público alvo são os hotéis e supermercados”, finaliza o jovem empreendedor.
O Dia Mundial da Inovação e da Criatividade foi instituído pelas Nações Unidas através da Resolução 71/284, para consciencializar a Humanidade para a importância da criatividade e da inovação na solução de problemas que dizem respeito ao avanço das metas globais de desenvolvimento sustentável.