Crianças hoje, mulheres no futuro - A vacina contra HPV que muda o curso da história de muitas mulheres.
Cabo Verde introduziu a partir de hoje, no calendário da vacinação, a vacina que previne o cancro do colo de útero (HPV) para adolescentes.
Anyah Spencer Maia e Victoria Roberts Gonçalves Gomes, de 10 anos ambas, hoje são as caras que marcaram história da saúde pública em Cabo Verde. Tanto Anhya como a Victoria, receberam hoje a primeira dose da vacina contra Papiloma Vírus Humano (HPV), introduzidaoficialmente no calendário nacional de vacinação.
Segundo o Ministério da Saúde e Segurança Social, serão 4.900 meninas, com 10 anos, que irão ser vacinadas nesta primeira fase. Mais tarde, pretende-se alargar a faixa etária e, assim, abranger também as meninas até aos 13 anos. A vacina atual exige duas doses, para uma efetiva proteção das meninas que serão mulheres no futuro.
“Manter o acesso universal à vacinação como uma prioridade no âmbito dos esforços para reduzir a mortalidade, morbilidade e incapacidades, é sem dúvida ajudar os países a atingirem as metas de longo prazo, incluindo os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), no que concerne às áreas tanto da saúde, como da economia e do desenvolvimento” , considerou a Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ana Graça, no seu discurso proferido no acto de lançamento, presidido pelo Primeiro Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.
Cabo Verde, tem sido uma referência no que se refere à definição de políticas e identificação de estratégias direcionadas à promoção da saúde, bem como à adesão às iniciativas mundiais e regionais para o controlo e/ou a erradicação das doenças evitáveis pela vacinação, com reconhecidos resultados significativos, nomeadamente, a taxa de cobertura vacinal acima dos 95% em crianças.
Na cerimónia, que serviu também para o lançamento da vacinação contra a hepatite B nos adultos/técnicos de saúde e cuidadores, e do caderno de saúde da criança e do adolescente, o Primeiro Ministro de Cabo verde Ulisses Correia e Silva destacou que “Proteger e cuidar das crianças é proteger do futuro de uma nação e quanto mais saudável ela é, mas progresso teremos nas nossas mãos” ao mesmo tempo que considerou que a vacinação vai contribuir para “salvar vidas, reduzir o sofrimento das famílias e criar mais confiança para o futuro”.
Totalmente financiado pelo Governo de Cabo Verde, através do Orçamento do Estado, a campanha de vacinação, que iniciará em Abril deste ano, conta com a parceria do UNICEF e de outros parceiros.
Recorde-se que a Organização Mundial da saúde (OMS) lançou no ano passado a “Estratégia Mundial para acelerar a eliminação do cancro do útero 2020-2030”, enquanto problema de saúde pública mundial e tem vindo a alertar o público sobre os objetivos e metas estabelecidos pela estratégia: até 2030, todos os países poderão atingir 90% de cobertura vacinal contra o HPV, 70% de cobertura de rastreio, e acesso ao tratamento do cancro do colo do útero para 90% das pessoas afetadas, incluindo o acesso a cuidados paliativos.
A estratégia foi lançada num momento particularmente difícil e desafiador, no contexto da pandemia de COVID-19 em que em tantos países assistiu-se a interrupção dos serviços de vacinação, triagem e tratamento; o encerramento de fronteiras que reduziram a disponibilidade de suprimentos; novas barreiras que impedem tantas mulheres particularmente em áreas rurais de viajarem para centros de referência para tratamento; ou o encerramento de escolas que interrompem os programas de vacinação. Por isso, segundo a Ana Graça, “é essencial que os países possam continuar a garantir que a vacinação, a triagem e o tratamento continue a acontecer com segurança e com todas as precauções necessárias.”
O HPV, transmitido por contactos sexual, é responsável por 70 por cento (%) dos casos do cancro do colo do útero registados a nível mundial.