Regresso às aulas - um desafio no contexto da pandemia de COVID-19
Países africanos lusófonos partilham experiências para regresso seguro às aulas
O UNICEF, a Comissão Nacional de Cabo Verde para a UNESCO e o Ministério da Educação, com o apoio da Parceria Global para a Educação, promoveram, terça feira, 9, a segunda sessão do ciclo de binários denominado "Juntos a responder aos desafios da COVID-19 no contexto de encerramento e reabertura de escolas nos países africanos lusófonos”, com o tema “Preparação e gestão da reabertura escolar”.
Durante o evento, especialistas e responsáveis do setor da educação dos cinco países africanos lusófonos partilharam experiências e medidas que serão implementadas para assegurar que o regresso às aulas e a gestão do ano escolar seja feito em ambientes de aprendizagem saudáveis para minimizar o risco de propagação da pandemia e que sejam utilizadas abordagens pedagógicas mistas e inovadoras que promovam sistemas de educação mais resilientes e equitativos.
Ao fazer a abertura e enquadramento do evento, Jonathas de Mello, gestor de conhecimento das Nações Unidas fez saber que “é preciso se reinventar a educação para que ninguém fique para atrás”. Por sua vez, Henry Alvarado, do Instituto de Planeamento Educativo da UNESCO (IIEP) Buenos Aires recomendou que os países definam um plano, analisem e avaliem as necessidades de aprendizagem e tenham infraestruturas que respondam aos deságios causados pelo novo corona vírus. Aquele responsável enfatizou, igualmente, a importância da participação comunitária e da comunicação regular com professores, famílias e estudantes através de vários canais.
Para a Representante Adjunta da UNICEF em São Tomé e Príncipe, Mariavittoria Ballotta, é importante a reabertura das escolas por serem “espaços de diálogo e de deteção de problemas que afetam muitas crianças. As escolas são importantes não só do ponto de vista da aprendizagem, mas também da segurança da criança”.
Com a pandemia da COVID-19, 1.6 mil milhões de alunos, em mais de 190 países, ficaram fora das salas de aula, com quase metade sem quaisquer oportunidades de aprendizagem, particularmente na África Subsaariana. Segundo pesquisa realizada pela UNESCO, em abril de 2020, 53 dos 55 países membros da União Africana decidiram encerrar as suas escolas a fim de conter a propagação do vírus.
Os casos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe
Cabo Verde prepara-se para a abertura das escolas. A diretora nacional da Educação, Eleonora Sousa, enumerou algumas medidas que serão implementadas, baseadas em três dimensões, nomeadamente, a socio emocional, o trabalho académico e curricular e a garantia da aprendizagem dos alunos.
O acompanhamento psicológico dos alunos, a recreação dos conteúdos não lecionados com a interrupção das aulas, um plano de recuperação das aprendizagens, a adoção de um modelo híbrido de aprendizagem que mescla o ensino presencial e o à distância, a limitação do número de alunos em sala de aula e o distanciamento entre estes, divisão da turmas por grupos são algumas das principais medidas que o país irá adotar para assegurar regresso o regresso seguro das crianças às escolas.
Em São Tomé e Príncipe, de acordo com a diretora do Planeamento do Ministério da Educação, Bleizy Costa, foi adotado um conjunto de medidas, de entre elas, a construção de novas salas de aula, redução do horário das aulas para todos os níveis de ensino, incluindo o pré escolar, colocação de pontos de lavagem das mãos nas escolas, aumento da rede de transporte escolar, contratação de novos professores, sensibilização dos jovens, apoio às crianças vulneráveis com materiais e alimentação, um programa de recuperação das crianças com dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento de um plano de resposta de emergência no setor da Educação.
Durante o webinario partilharam, igualmente, as suas respostas, representantes da Guine Bissau e de Moçambique.